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Indústria da moda cada vez mais antenada

Você conseguiria imaginar sua vida, nos tempos atuais, sem a conectividade proporcionada pela internet e os dispositivos móveis? As novas tecnologias, especialmente através de celulares, tablets e relógios, se tornaram as extensões modernas do corpo e da mente. É verdade que cada setor da economia integra o novo contexto tecnológico de maneira única, mas, na indústria têxtil, as inovações podem ser ainda mais viscerais, envolvendo os consumidores em uma nova pele. As roupas inteligentes já conseguem medir a pressão arterial, combater a celulite, se comunicar com o celular e até indicar a localização exata por sinal de satélite.

Essa revolução que surge da conectividade e atinge todo o setor atende pelo nome de wearables. “Esse é o termo pelo qual ficaram conhecidos todos os dispositivos eletrônicos usados como acessórios de roupa, um relógio, uma pulseira, um tecido”, explica o professor Luciano Sousa, coordenador de Ciências da Computação no Mackenzie e especialista em tecnologias da indústria têxtil. A expectativa, segundo ele, é de que, daqui a cinco ou seis anos, as roupas inteligentes serão tão comuns que vão incentivar inúmeras oportunidades de negócios, inclusive no mundo da moda.

Um estudo do International Data Corporation (IDC) projeta que serão fabricados mais de 125 milhões de wearables em todo o mundo em 2017, 20% a mais do que no ano passado. A partir daí, esse mercado deve quase dobrar, chegando a 240 milhões de unidades até 2021. Hoje quem domina são os gadgets, como os relógios e as pulseiras, com poucas opções em que a tecnologia está inserida no próprio tecido. Para além dos relógios inteligentes, o desafio do setor é transformar as próprias roupas em superfícies interativas. “Em vez de usar o relógio no pulso, a ideia é tornar esse relógio integrado com a roupa. Não ter muito dispositivo pendurado no usuário”, resume Sousa, do Mackenzie.

Na moda, ao que parece, o digital é um caminho sem volta. Na Inglaterra, a CuteCircuit, marca queridinha de celebridades como a cantora Katy Perry e o vocalista do U2, Bono, se lançou no mercado, em 2004, como uma empresa de moda wearable. Uma das principais criações da marca é a Hug Shirt. Trata-se de uma blusa com sensores que, ao captar detalhes como pressão, duração e localização do toque de um usuário, além de batimentos cardíacos e temperatura da pele, recria a sensação de um abraço. Ou seja, o usuário pode se sentir abraçado por um amigo ou cônjuge mesmo que esteja fisicamente distante, em qualquer lugar do mundo. Basta que os dois estejam vestindo a Hug Shirt. Assim que a blusa é acionada por aplicativo de celular, sensores ativam as fibras do tecido, que contraem, expandem, esquentam ou esfriam. Um autêntico abraço.

Foto: Katy Perry | CuteCircuit

Mais recentemente, a grife Levi’s e o Google se uniram no Projeto Jacquard para transformar tecidos em materiais condutores, capazes de interagir com smartphones. Juntos, criaram uma jaqueta sensível ao toque e ao movimento. As informações colhidas pelos sensores são transmitidas via bluetooth para um botão no punho. Com o modelo é possível, por exemplo, atender a uma ligação ou trocar de música no celular apenas com um toque no botão fixado à manga da roupa. A peça está à venda em algumas das lojas físicas da Levi’s nos EUA e custa US$ 350.

Também na onda dos wearables em tecidos, a grife americana de alta-costura Marchesa, em parceria com a IBM, chamou atenção no ano passado durante o Met Gala – baile de gala beneficente promovido pelo Metropolitan Museum of Art, em Nova York. Na ocasião, a supermodelo tcheca Karolina Kurkova usou um “vestido cognitivo” feito com luzes LED que piscavam e mudavam de cor conforme as respostas dos fãs que acompanhavam a transmissão do evento ao vivo pelo Twitter – o resultado vinha da análise dos comentários feita pela ferramenta de inteligência artificial Watson, da IBM. O vestido acabou virando um espelho da opinião pública.

Mas os wearables não se restringem ao mercado internacional. No Brasil, a Bibi Calçados, fabricante de calçados infantis com 95 unidades no País e na América do Sul, lançou em setembro um tênis conectado. O modelo tem uma tela de display de LED na parte de cima, que mostra mensagens e desenhos personalizados pelas próprias crianças. Para funcionar, é preciso fazer o download de um programa no computador e conectar o tênis por meio de um cabo USB. Para a marca, o foco em modelos de alto giro e que utilizem tecnologia, como o display, norteia o desenvolvimento de novos produtos. O preço sugerido do tênis é de R$ 349,90.

Foto: Divulgação Levi's

Apesar de as roupas inteligentes começarem a ganhar as ruas e as passarelas, ainda há um grande desafio: os produtos que incorporam funções eletrônicas nos tecidos não são discretos, nem práticos. Mas no futuro os fios condutores poderão ser imperceptíveis, conectados a circuitos também minúsculos. Nesse sentido, o setor têxtil se lança numa verdadeira corrida pelo tecido tecnológico. Na Solvay, uma das líderes globais na fabricação de fios têxteis, o advento de novos polímeros especiais para fibras sintéticas é visto como o caminho para alcançar a tão festejada conectividade. “Esse é um dos nossos objetivos de negócios”, afirma o CEO Renato Boaventura. Segundo ele, esse tipo de fibra, ideal para acolher as tecnologias eletrônicas, já representa um terço do faturamento da empresa, que foi de € 10,9 bilhões, em 2016.

Já a mineira Cedro Têxtil, especialista em uniformes e jeans, desenvolveu a Sarja Splash, cujo tecido mancha menos. “Trabalhamos com uma tecnologia de fibras que repele o líquido, reduzindo as lavagens” conta Marco Antônio Branquinho, presidente da Cedro. Outro destaque do portfólio é um tecido “anticelulite”, que absorve o calor do corpo e o devolve em forma de raios infravermelhos, capazes de estimular a microcirculação sanguínea. Nesses casos, ainda não entra a questão da conectividade – por enquanto. “Estamos caminhando para ligar a tecnologia de fibras especiais com as de conectividade, só não temos escala ainda”, diz.

 

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